Corpo e Movimento

“O homem se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade”
Rudolf Von Laban

É pelo corpo que o ser humano se comunica e se expressa, adquirindo habilidades para manifestar ações corporais nítidas, usando o corpo e suas articulações com clareza, na sua imobilidade ou em movimento.
Numa perspectiva racionalista nossos corpos são submetidos às leis do movimento “inanimado”. Assim como no esquema simplificado que apresentamos a seguir:




O movimento humano vai além desta perspectiva, pois integra manifestações mentais, emocionais e fisiológicas. A exemplo disso temos a comparação de um objeto inanimado com o corpo humano. Se lançarmos uma pedra (objeto inanimado) em direção ao fogo certamente ela cairá na chama e ali mudará sua temperatura, mas se percebemos que parte do nosso corpo se direciona ao fogo, imediatamente, reagimos pelo reflexo instintivo de sobrevivência, ação que se configura articulando com a memória de experiências vividas.
Para Laban (1978, p. 51), todo gesto ou movimento, com qualquer parte do corpo, revela um aspecto da vida interior. Cada um dos movimentos se origina de uma excitação interna dos nervos, a partir das impressões sensoriais experimentadas e registradas na memória. Essa excitação resulta no esforço interno, ou impulso para o movimento, que entende como “o controle intencional do acontecimento físico”.
É interessante pensar-se um ser corporal além da dualidade corpo-mente, isto porque existe uma rede de complexidade que transcende a visão cartesiana moderna, projetando um ser total que integra diferentes dimensões do humano. Há uma bela passagem nos escritos de Klauss Vianna (1990, p. 85), quando argumenta que “o movimento humano tanto é reflexo do interior do homem quanto tradução do mundo exterior. Tudo o que acontece no universo acontece comigo e com cada célula do seu corpo. Em seu ponto de vista, a espiral crescente, o universo, tem um ponto de partida em cada um de nós e é do nosso interior, da nossa concepção de tempo e espaço, que estabelecemos um troca com o exterior, uma relação com a vida”.
Então, precisamos continuar repensando um corpo em movimento menos midiático e mais humano, que integre reações atômicas das partes e do todo.

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