Artigo no O Globo - RioEduca

GEC, uma educação humanista

Sou professor de Artes Cênicas e participo de uma revolução na qualidade da educação pública da cidade do Rio de Janeiro. No ano de 2011, pude exercer minha docência de forma qualitativa, com a implementação do Ginásio Experimental Carioca na escola municipal Orsina da Fonseca, onde leciono Artes Cênicas – um projeto inovador, que vem sendo identificado pela sigla GEC. Este projeto propõe em suas bases a Excelência Acadêmica, o Projeto de Vida e a Formação para os Valores, que articulam diretamente com os quatro pilares da Educação para o Século 21, da ONU (Jacques Delors), que atendem à necessidade de os jovens aprenderem por habilidades e competências, dividindo os pilares em aprender a Ser, Conviver, Fazer e Conhecer.


As diretrizes do GEC também apresentam, em sua matriz curricular, disciplinas que mobilizam sua finalidade e objetivos. Desta forma, apresenta quatro disciplinas, que possibilitam uma educação inovadora, humanista e qualitativa: Projeto de Vida, em que cada aluno, com a orientação do professor, inicia, reflete e estrutura o seu projeto de vida, englobando todas as dimensões dos seus sonhos, aprendendo a ser; Protagonismo Juvenil, que é o espaço-tempo para o aluno exercer sua autonomia, principalmente nos Clubes Juvenis, aprendendo a conviver com responsabilidade; Estudo Dirigido, cujo objetivo é flexibilizar o aprimoramento dos estudos, em consonância com a realidade de cada GEC, permitindo que o aluno aprenda a fazer sua agenda de estudo, preparar suas atividades extraclasses e outras tarefas próprias de uma escola em horário integral; e Eletivas, que são módulos semestrais, estruturados pelos professores e oferecidos aos alunos, para que eles elejam, por afinidade e com autonomia, o que vão aprender. As Eletivas permitem que os alunos aprendam a conhecer novas formas de saberes e fazeres.
Toda essa revolução de qualidade nos proporciona uma escola incluída digitalmente, com netbooks para professores e alunos, internet wirelless, modems, laboratórios de informática e de ciências. O nosso grande desafio é pesquisar e desenvolver novas possibilidades pedagógicas, como a Polivalência(*) por Área de Conhecimento e o uso dos recursos digitais de forma não diretiva, como aquelas práticas tradicionalistas.
Ao vivenciar todos os dias letivos de 2011, neste panorama elucidado, venho apresentar sucintamente, minha experiência com o Projeto de Vida, em turmas de 8º e 9º anos.


Inicialmente, refletimos a etimologia da disciplina, filosofando sobre a essência de um projeto e do sentido da vida. Então entendemos que precisaríamos de um diário para registros e revisão do trajeto a ser percorrido. No consenso professor-aluno elegeu-se o Blog como diário, para postarmos todas as dinâmicas e reflexões realizadas em nossos encontros. Esta decisão coletiva potencializou nossas aulas, devido à escola possuir três carrinhos, com 32 netbooks cada um, para utilização dos alunos, inicialmente nas aulas da plataforma da Educopédia (www.educopedia.com.br), com aulas virtuais, sem limitar outras funcionalidades.
Por exemplo, na turma 1901, cada aluno abriu o seu blog e uma das alunas, abriu um blog (www.projetodevida1901.blogspot.com) para a turma, enviando autorização para o professor indicar os procedimentos a serem realizados nas aulas e postar os trabalhos dos alunos integrados, pois havia cinco alunos integrados (cegos), gerando desafios, para mim e para a turma. Neste blog da turma também se encontram todos os blogs individuais dos alunos das turmas 1801 e 1901.
Enquanto os alunos realizavam as tarefas na web, postando textos, imagens e/ou vídeos produzidos por eles, os alunos integrados eram auxiliados de forma colaborativa pelo professor de Arte, pela professora Tereza Cupello ou pelos alunos tutores, que se ofereciam a auxiliar.

 

Alguns dos integrados utilizavam notebooks com programa de voz (livre) e outros alunos, a máquina de escrever para Braille. Em outros momentos de integração, gravavam entrevistas no celular e em outro momento, transferiam as informações para o plano digital.
Portanto, a experiência vivida no Ginásio Experimental Carioca, que me permitiu lecionar numa escola de dedicação integral, revelou-se para mim uma revolução educacional, no sentido político-pedagógico, tecnológico e afetivo, pois um desejo de conhecer meus alunos cotidianamente se realizou, por deixar de lecionar de escola em escola e poder saber o nome de cada um dos sujeitos, trabalhando em apenas uma U.E., me tornando ainda mais autônomo e protagonista da minha história na Educação Carioca.

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(*)No GEC, nos 7º e 8º anos, os professores de Língua Portuguesa, História e Geografia, lecionam em polivalência na Área de Humanidades e os professores de Matemática e Ciências, lecionam em polivalência na Área de Exatas.
Lindomar da Silva Araujo
E.M. Orsina da Fonseca

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