Numa perspectiva pós-moderna, existe a tendência da identidade tornar-se cada vez mais frágil e instável, devido ao aumento do ritmo, a mudança na relação espaço-tempo e a complexidade social. Desta forma, sendo recorrente o discurso sobre a questão da identidade na pós-modernidade.
As sociedades tornam-se cada vez mais burocratizadas, racionalizadas, consumistas e dominadas pela mídia, tornando o sujeito contemporâneo mais individualista e descentrado, se distanciando daquele indivíduo autônomo e autoconstituído, formado pelos ideais da modernidade.
Ser autônomo no mundo contemporâneo tornou-se agir e reagir em consonância com o seu meio, seja este meio biológico, social ou cultural.
Para Morin (2007, p. 118), "A autonomia não é possível em termos absolutos, mas em termos relacionais e relativos." Somos sujeitos constituídos e constituidores de nossa cultura e sociedade, que nos leva a uma dependência direta e indireta à estrutura sociocultural em que estamos imersos. Estrutura esta que irá constituir uma autonomia efetiva e relativamente dependente do outro.
O mundo contemporâneo é inebriado pela cultura de/do consumo, através da lógica midiática, que vem se tornando, cada vez mais, indispensável a auto-afirmação dos sujeitos na pós-modernidade.
Douglas Kellner (2001), cita o filme "Uma linda Mulher" (Pretty Woman), como exemplo de mensagem subliminar da cultura midiática, apresentando uma prostituta deselegante, saída da classe operária, que passa a ser uma elegante mulher da alta sociedade, através da mudança de visual. "O filme ilustra o processo de autotransformação através da moda, dos cosméticos, da dicção e do modo de ser, bem como o grau de mediação da identidade pela imagem e pela aparência na cultura americana" (p.301).
A cultura da mídia à qual fazemos parte, encaminha-nos insensantemente ao consumo desenfreado, levando-nos a crer que seremos mais felizes e plenos segundo as regras desse jogo de simulações e dissimulações das novas identidades. O poder das "Mídias" vêm interferindo cada vez mais em nossas atitudes cotidianas.
Precisamos estar alerta sempre e refletindo sobre o "EU", aquela essência que nos cabe para viver, ao tomarmos decisões que possam redirecionar o rumo da vida que vivemos.
No calendário que seguimos, todos os anos, existe um motivo de exaltação para cada dia do ano. Há sempre algo a que se comemorar e consumir em função disto.
Será que não devemos a cada dia do ano exaltar a nossa própria liberdade de escolha? A conquista da autonomia?
A resposta é sim!
Utilize o "Mute" de seu controle remoto e ouça apenas o que desejar.
Jogue fora o encarte de anúncios da caixa de correios.
Diga não a uma proposta de crédito àquela menininha do telemarketing.
Contemple a si mesmo, ao silêncio e se pergunte:
eu desejo isto ou desejam por mim?
Bibliografia:
KELLNER, D. A cultura da mídia: estudos culturais, identidades e políticas entre o moderno e o pós-moderno. São Paulo: EDUSC, 2001.
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de janeiro:BERTRAND, 2007.
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